segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

É preciso acreditar


Meu texto poderia falar das datas comemorativas de fim de ano, mas vou falar de algo muito mais importante pra minha vida. No dia 7 de Dezembro de 2008, caía um gigante. O Clube de Regatas Vasco da Gama não pode lutar contra os anos de sucateamento e apenas 10 anos depois da conquista do título mais importante da sua história, sente o gosto amargo de não poder disputar no próximo ano a série A do Campeonato Brasileiro. O coração vascaíno chora as lágrimas que a desilusão e o sentimento de dever não cumprido trazem.
O tal dia, foi um dos mais tristes da minha vida. Com 11 meses vesti minha primeira grande camisa do Vasco, autografada pelo maior ídolo do clube e então presidente, Roberto Dinamite, dando assim, meus primeiros passos sólidos. Amar esse time não deve ter divisão e nem fronteiras. É mais do que simplesmente torcer, ou mesmo acreditar no poder do esporte. É cultuar religiosamente uma instituição da qual tenho orgulho de me apaixonar e amar a cada dia. Sofri e chorei com o Vasco muitas vezes. Tantas que nem sei contar. Mas as alegrias e os risos foram tão superiores e infindáveis que a história do Vasco suprime toda essa tristeza que o peito de nós todos, torcedores vascaínos sentimos nesse presente momento. Temos de ter fé e esperança que os erros que hoje nos resultaram o fracasso, nos estabeleça a confiança de uma administração sadia, segura e profissional, acima de tudo, trazendo de volta os dias de glória que o nosso Vasco merece. Devemos ainda, lembrar sempre que, não há mídia, divisões, jogadores ou barreiras, que sejam maiores do que o Vasco junto de sua fiel torcida é e sempre será e que, enquanto as frustrações dos outros sejam aliviadas com nossas desgraças, quem perde é o futebol carioca, brasileiro e do mundo, por não ter [por enquanto] o Vasco na série A.
É tempo de acreditar no Vasco, amar e respeitar aquela camisa infindavelmente e acima de tudo, gritar mais uma vez que o Vasco é o time da virada e do amor. Pois é exatamente isso, a torcida, essa alma inquebrantável de emoções, delírios e sim, lágrimas, por que não... que o não grande, o Gigante, Clube de Regatas Vasco da Gama voltará para onde nunca deveria ter saído, a elite do futebol brasileiro e mundial. A todo torcedor vascaíno eu deixo a minha solidariedade e amizade. Ao Vasco, deixo o meu amor eterno e a certeza de que nunca irei te abandonar e estarei ao seu lado até depois do fim, seja na maior das alegrias ou na pior das tristezas. Não temos tempo pra luto, AVANTE, VASCÃO!

sábado, 1 de novembro de 2008

Continue



Não por hoje
Hoje será de apreciar o horror
Hoje é para ser esquecido
Para cair sem peso no abismo
É para ser infrutífero
Hoje não há rotina
Hoje é morrer, e de morrer de novo
Hoje é de não ouvir
Escorregar através do limo
Hoje é dia, data e hora
Sem sentir o cheio
Não há o que sentir
É hoje que se vai
Não demorar é ir bem
Mas vai mal, não se preocupe
Retroceder, palavra-chave
Sem portas, nem janelas
Calçar os sapatos
Apagar as velas
Sorrir forçadamente
Fechar os olhos
Torcer organizadamente para não abrir
Abrirá e tudo vai estar
Não hoje, sempre

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Por um pouco de felicidade


Era um domingo de sol. Portas e janelas abertas nas casas da rua, churrasco na calçada e uma pelada organizada pelos moleques. Acordou ás duas da tarde o Eugenio, lá com uns 43 anos e parecendo ter menos. Gostava de dormir sob a sensação térmica do frio provocada pelo condicionador de ar. A bagunça provocada pela festa do dia anterior o deixava cansado e dava mais vontade de voltar pro quarto refrigerado e confortável.
Indo em direção a geladeira, resmungou numa linguagem quase inteligível um palavrão, posteriormente entornando em grandes goles dois copos d'água. Sentou-se vagarosamente no sofá da sala com uma xícara de café na mão, de frente para a TV desligada. Fitando sua própria imagem na tela, sentiu-se vazio sem o tanto de gente que permaneceu na festa até quse o dia raiar. Lembrou-se quase que no mesmo instante, da carteira desaparecida que ainda não havia achado. Pensou no que ele ficaria aborrecido de perder além dos documentos: uma medalhinha de Nossa Senhora da Graça, fotos das filhas e um samba que havia rabiscado uma semana antes no boteco com o amigo. Notou porém, que ele era o único em casa. A mulher devia estar no mercado. Tentou falar alguma coisa consigo, mas quase imediatamente mudou de idéia. Levantou-se do sofá rumando para a cozinha. Abriu a geladeira em busca de cerveja, mas não tinha. Meteu a mão por cima do armário procurando o maço de cigarros, que lá estava, mas vazio. Reparou então, que a casa estava demasiadamente escura e que os pães que estavam na cesta, estavam bolorentos e duros. Confuso, tentou sorrir mas não conseguiu. Irritado, tentou raciocinar e nada evoluiu. Então voltou-se para o quarto, inquieto e impaciente. Sem ter exito em qualquer feito, decidiu dormir e sonhar com algo feliz. O sono não veio e por consequência, não trouxe os desejos. Fechou a cara, limpou a mente e decidiu se bastar, mas agoniado levantou-se e se pôs a andar feito louco para lá e cá.
Não demourou escutou ruídos de motor de carro velho. Olhou pela janela do quartou e viu que era a kombi velha da entrega do supermercado. Escutou as risadas das filhas e uma advertência da mulher para com as crianças. Deitou-se e voltou a dormiu para sonhar. As crianças foram correr atrás do cachorro. Lembrou antes de conseguir cochilar onde colocara a carteira. Sonhou vendo-se andando sem rumo.

domingo, 31 de agosto de 2008

Assim é que se faz


Depois de alguns aguardados meses, finalmente está para ser lançado o álbum solo do guitarrista e vocalista [tal como, eventualmente baixista] da banda Los Hermanos, Marcelo Camelo. Vou ser sincero, adoro as composições do Camelo, mas não esperava que o disco fosse tão bom e empolgante. É bem verdade que do disco que tem 14 faixas, eu só escutei 10. Porém, meu sorriso em cada faixa se abria com uma intensidade grande. A minha satisfação em ouvir algo tão sincero, de alguém que não podia se esperar outra coisa [ e que eu acabei esperando menos...], foi fabulosa. Musicas como ''Liberdade'' e ''Tudo Passa'' remetem quem ouve ao pensamento de qualquer coisa sobre si, ''Copacabana'' uma gostosa marchinha, abre as portas pra banda de apoio de Camelo brincar de fazer música boa, os paulistas do Hurtmold tratam de segurar essa ''responsabilidade'' com uma grande capacidade e qualidade e a beleza de 'Mais Tarde'' e ''Janta'' - essa ultima com uma excelente participação de Mallau Magalhães - vem com a simplicidade já tão presente nas letras do Hermano.
Antes mesmo de ouvir o disco, li sobre algumas influencias que Marcelo Camelo teria usado pro seu disco. Em um site, a afirmativa foi de que ele chega a ''flertar'' com Caymi. Ora, qual músico brasileiro que tenha como a música brasileira sua principal influencia não dialoga em algum momento ídolos da nossa música como João Gilberto, Milton Nascimento e o próprio mito Dorival Caymi? Mas acho mesmo, do fundo dos ouvidos, que a influencia de Camelo pra esse disco são seus próprios discos. Junto de seus irmãos: Rodrigo Barba, Rodrigo Amarante e Bruno Medina. Não, o disco de Camelo [denominado ''sou'' mas que pode virar ''nós'' em alguma música do album] não é igual aos discos anteriores dos Hermanos, mas se tem alguém com quem Camelo flerta de fato é com seu próprio talento e com a vontade própria de escrever e tocar boa música, já presente na época do grande quarteto carioca. Tudo bem que com Dominguinhos, Rob Mazurek e o próprio Hurtmold caminhando ao lado, é mais difícil errar e muito mais ainda não beber e em fontes riquíssimas como Dorival, mas não é porque o mar e o brilhantismo de Camelo são evidentes no álbum que ele é tão previsível no som e nas influencias. Aliás, são juntos, o mar e o brilhantismo que tornam complexo e gostoso ''sou'' e o que ele pode oferecer dentro da ambiguidade simplicidade/complexidade, aí sim já previsível nos trabalhos de Marcelo Camelo, um dos mais descentes compositores e músicos da minha geração.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Os 98 Bastardos


Era domingo e o boteco do Bené pegava fogo. As donas-de-casa dos dias de semana e os maridos bêbados de todos os dias de Fla-Flu sambavam ao som de um doído pagode. Era um tal de tentar flertar com as antigas putas rebombeiras que o bairro escondia, sentar no colo dos cobradores de ônibus que curtiam sua folga e de cantar aos altos pulmões a simplicidade das letras impregnadas do amor chulo. Era além de tudo feriado e só o bar do Bené abrira as suas enferrujadas portas de ferro. De fato, era uma alegria que contagiava toda a massa. Era até bonito vivenciar algo do gênero. Muitas das almas que lá estavam, não compartilhavam a mesma felicidade em outros aspectos ou outros momentos.

Mercadinho, padaria, locadora... Tudo fechado. Somente o botequim dirigido pelo já famoso Bené sobrevivia a um feriado no domingo. Os crentes já se agitavam com o culto que estava para chegar, os homens já aqueciam suas gargantas para gritos de “filho-da-puta” contra o juiz ou ao craque que perdeu um gol e as mulheres já preparavam os mesmos palavreados para a falta de atenção dos mesmos homens, quando eu, que estava bebendo em uma das mesas junto a dois amigos vi a chegada de um antigo vizinho. Homem rigoroso com os filhos, com a mulher e o trabalho, seu Joel era um indivíduo bem peculiar. Falava tranquilamente, se expressava com certa cautela e pensava suas palavras, justamente para não se ver misturado a gentinha que atolava o bar. Para ele, que gostava mesmo era de música estrangeira, mesmo sem conhecer quase nada nem das histórias e das letras, era o que prestava. Aquela melação não era nem para homem. Esse negócio de ficar que nem mulherzinha com cabelo cheio de goma e rebolar, não fazia parte da vida de seu Joel. Aquela merda toda era falta de vergonha, isso sim.

E lá estava seu Joel, entrando naquela barraca cheia de gentinha.Como todo estabelecimento de bem estava fechado, o jeito era compra a coca-cola do almoço lá na birosca do Bené. E seu Joel já entrou com a cara amarrada de estar naquele antro. Já foi logo pedindo licença de cabeça baixa para não trocar olhar com gente daquele porte. Mas mesmo se escondendo como um rato que foge de uma vassoura voraz, foi reconhecido e cumprimentado e com louvor por um dos nossos vizinhos, Luís Joelho. Luís Joelho era gente fina, mas não conseguia manter a boca calada. Havia gente que cochichava pelos cantos que era de família, pois seu pai tinha perecido de morte matada por nego que era de prestar serviço sujo aos donos da situação, só porque revelara que viu uma rapa deles aplicando um sujeito ladrãozinho perto da linha. Pois bem, seu Joel o cumprimentou e tratou logo de ir buscar seu refrigerante e sair da bagunça armada no tal botequim. Já se ia descendo a calçada, quando Luís Joelho o chamou de volta. Perguntou se seu Joel queria se sentar e tomar uma com ele e seus amigos. Seu Joel negou logo, disse que ia almoçar com a família, mas com o argumento de um copo só porque era seu aniversário, Joelho dobrou o velho Joel e o convenceu a uma cervejinha só. Quando sentou-se, o homem quase se levantou de imediato, estava lá sentado também, Cabrito, homem de muito prestígio entre gente desalmada que encomendava a alma do filho alheio ao Cão. Os filhos nunca prestavam, mas não era de direito dos comerciantes furtados exercerem essa justiça. Joel temia muito o homem, mas não o respeitava. Olhava para Cabrito como se fosse um verme. ‘Além de ser matador, esse safado também é filho-da-puta. É um bastardo’, sempre fala seu Joel.

Depois do terceiro copo, como não era muito de beber, seu Joel já estava se dando por satisfeito e até de língua solta. Falou mal do Botafogo, time do dono do bar, reclamou do som alto que não deixava os outros conversarem e pra finalizar, disse que o bairro era uma merda e que era capaz de encontrar em vinte e quatro horas é capaz de nomear cem bastardos para a rapaziada se divertir as custas. Mal sabia seu Joel, mas o desafio foi aceito logo por Cabrito, que coçava os dedos e buscava na cerveja esfriar a cabeça pra não puxar a arma para aquele paraíba metido a ‘Zé Pureza’. Cabrito foi logo dizendo em tom de ameaça:

- Esperto isso que o senhor disse. Quero ver fazer mesmo. Quero ver me dar nome de cem filho de chocadeira daqui do Nova América.

- Se to dizendo que faço, não preciso da tua voz pra fazer. Se duvida, arruma papel e caneta que lhe dou nome e endereço dos bastardinhos e das puta véia.

- Então meu bom... aguarda aí que logo trago o que tu me pediu.

Voltava Cabrito de dentro do boteco do Bené trazendo uma caneta e uma penca de guardanapos para o já desestimulado seu Joel, a cerveja já começava dar lugar a adrenalina de dizer não a uma coisa que um homem daquele havia levado para o pessoal. A tensão aumentou enquanto o dito cujo avançava para a mesa onde Joel, Luís Joelho e mais alguns outros estavam sentados. Joel tratou logo de dizer que não era para Cabrito levar nada para o lado pessoal e que ele já estava alto com os copos de cerveja, sem falar que a mulher ainda o aguardava com o refrigerante para o almoço. Logo um grito irrompeu deixando todos os fregueses de olhos esbugalhados. Cabrito tava com o trinta e oito na mão, mandando o paraíba sentar. O sangue nos olhos do matador e a saliva saltando da boca.

- Agora tu vai escrever essa porra. Tu não sabe de que saco meio bairro veio? Não ta aí todo cheio de maldade falando dos outros? Então escreve filho-da-puta, diz aí quem é cria de chocadeira. Fala de mim e da minha finada mãe pra voce ver como não lhe acerto os cornos.

Indignado com o acontecido, Bené e a turma do deixa disso foram logo entrando em ação para acalmar os ânimos. Mas para piorar, seu Joel decidiu ser corajoso logo naquele dia e xingou o matador de tudo quanto foi nome ruim. Os homens do bar tentaram impedir que tudo recomeçasse. Mas Luís Joelho foi logo gritando:

- Deixa, não é de hoje que Cabrito quer resolver isso. Aquele filho novo do Joel é dele. O moleque é do Cabrito, deixa os dois resolverem que nem homem, porra.

Fez-se silencio imediato no bar inteiro, no cenário, o tempo havia parado. Ninguém parecia saber que o Cabrito, que andava condenando almas que ajudaram no adultério da esposa alheia, estava comendo a mulher do seu Joel. De repente um estampido. Corre, corre e Luís Joelho se esvaindo em sangue caído e morto no chão. Só quem restou no bar, foi Bené, o dono, Joel e Cabrito e o falecido, o bocudo Luís Joelho. Fim do segredo, em Nova América, todos eram bastardos. Todos mesmo.

Dos nomes que seu Joel se lembrava dentre os filhos de chocadeira, ele tinha certeza de noventa e oito. Mas faltavam dois para os cem propostos, e esses podia ser contatos com o próprio filho, de meses e ele próprio, já que a sua mãe quando saiu da paraíba foi parar nas bocas de Santos e era amante de cantor famoso. Dizem que era o Nelson Gonçalves. Mas no Nova América, neguinho fala de todo mundo.

terça-feira, 24 de junho de 2008

Será tudo um sonho?


Essa madrugada tive a ligeira impressão de não estar sonhando quando, na verdade, eu estava. Vou explicar melhor... É complicado de entender mesmo, mas eu estava sonhando, de fato, com uma cena que já tinha acontecido há uns dias atrás. Eu brigava com as minhas priminhas por elas estarem satisfazendo a curiosidade no controle do vídeo game, o que é um crime quase sem direito julgamento no meu país - o meu quarto - e isso culminou na expulsão das perigosas menininhas. Foi exatamente com isso que sonhei. Incrível a riqueza de detalhes com que o sonho copiou a antiga cena. O trabalho do subconsciente foi muito bem feito. Tão bem feito que, como eu estava cochilando no sofá onde os controles estavam jogados, acordei com as mãos por cima deles e com as pupilas dilatadas - assim me imaginei - e quase esbravejante. Me deixou muito curioso também esse fato, por mais que eu tenha expulsado as gurias, não fui rude. Ao contrário, segui uma linha sutil e lembrei que no sonho esbravejei como um louco. Não faço idéia do que aconteceu para eu ter esse sonho tão 'diferente', mas eu desejei imediatamente refletir sobre esse acontecido e achei dois pontos em questão. Um foi 'será que isso é desejo reprimido?', e aí eu seria um monstro. O outro ponto foi 'será todaa vida um sonho?'. Eu sei que isso é muito, mas muito mesmo contra qualquer originalidade, mas e juro que me ocorreu essa questão. Sabe-se lá o que eu estava pensando na hora e até mesmo o que penso agora, mas fiquei com uma impressão terrível que eu não vivi esses momentos, que eles simplesmente passaram por mim porque a minha mente os determinou.
Bem, é loucura voltar depois de exatamente um mês com um texto que questiona o sentido da vida de forma tão superficial. Mas vocês devem saber como é final de período de faculdade e como é sonhar com coisa tão esquisita. Ou pelo menos já viram filme. Não é? Estão me lendo? Existem...?

sábado, 24 de maio de 2008

10 para 20



Hoje o texto não terá profundidade. Não será algo de que o Estorieta possa realmente se sentir orgulhoso de ter alguém que nele escreve, assim, tão bom. O texto desse dia 24/05/2008 é comemorativo. Nesse dia, há 20 anos atrás eu estava nascendo e eu não me lembro como era. Mas eu lembro de hoje. Sei quais serão as cobranças daqui pra frente, as mudanças... Talvez não saiba como lhe dar. Eu ainda não me sinto com 20 anos. Nem ao menos sei identificar como se dá esse processo em que se fica mais velho, os desejos aumentam de uma maneira tão perigosa que jamais poderei deixar de não ficar atento e de, supostamente entrar pra fila da responsabilidade. Não sei nem ao menos se isso se dá dessa forma. Tenho tanto medo do futuro que cordialmente alcanço o presente com a preguiça de quem não quer chegar lá. Não quero fazer de cada dia 24 de maio daqui pra frente um calvário, porém, seria de extrema utilidade que eu realmente me fizesse sem rumo, como uma pedra rolando.
A originalidade de se ter 20 anos é tão magistralmente defeituosa que chega a parecer balões de festa que já estão furados desde antes dos sacos serem abertos. Quero dizer, exceto aos que morrem antes, todos nós fazemos 20 anos. Cristo fez 20 anos, Marx, Bob Dylan e Emiliano Zapata também. Todos fizeram coisas brilhantes e bem originais, mas todos fizeram 20 anos igualmente, como um grande supermercado ou drogaria. Nem esse texto é original. Bem, as palavras de certo são minhas, mas eu surrupiei o título e o que vem a seguir do Zeca Camargo que fez algo semelhante no blog dele quando ele estava completando algum aniversário na casa dos 30. Trinta é mais difícil que 20. Mas também não é tão original quanto se parece. Contudo, seria uma hipocrisia completa dizer que não estou feliz. Estou tão feliz que escolhi dez músicas que mais me marcaram ou que o momento me revelou agora. Dez músicas para vinte anos. Nesses 20 anos, elas vieram e ficaram na ponta da minha língua e nos buracos dos meus ouvidos, buscando só serem alguma coisa através dos meus sentimentos. Não vou numerá-las porque cada uma teve sua importância. Não vou numerá-las porque eu sou tão comum agora que elas vêm por mim tão comuns quanto eu. Não vou porque sou comum e tenho 20 anos, talvez até como você.


A Lista

Like a Rolling Stone - Bob Dylan
Eleanor Rigby – The Beatles
Todo Carnaval Tem Seu Fim – Los Hermanos
How To Desapear Completely – Radiohead
London, London – Caetano Veloso
Given To Fly – Pearl Jam
Para Abrir os Olhos – Vanguart
About a Girl – Nirvana
Sunday Morning – Velvet Underground and Nico
Espelho – João Nogueira

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Sessão Conto - A prova de Inglês


Danilo, treze anos, tentava desesperadamente estudar trancado no seu quarto. A recuperação se aproximava com a velocidade de um jato. Aliás, jato era uma palavra que não saía da cabeça do menino. Sua mãe, havia mantido seu jato de controle remoto guardado e escondido desde que soube dessa história de recuperação, ela não havia ficado nada contente. É claro que para ter seu avião de volta ele tentaria de qualquer maneira burlar aquela situação adversa pra se encontrar com seu brinquedo novamente.

A professora de inglês de Danilo era, chamando generosamente, um demônio e as suas avaliações se tornavam martírio na mão dos guris que urinavam-se de desespero. O que Danilo não sabia, era que o maior castigo imaginado por sua mãe não era deixar de pilotar seu avião, comprado pelos avós com muito custo. Nem tão pouco perder as saídas com os amigos. A mãe já havia decidido que se houvesse repetência, Danilo iria estudar um ano numa escola pública da região. Ele não sabia, mas ali, naquele quarto, sua luta não era somente pelo avião de granfino que ganhara dos avós depois de alguns anos recebendo presentes de vestir ou de comer no aniversário. Danilo lutava por sua permanência numa classe onde seus maiores medos e preconceitos se escondiam e podiam permanecer ocultos até os papos com os amigos e as brigas e peladas contra os moleques mais pobres e que estudavam no ‘Brizolão’ mais próximo de sua casa e escola.

No dia do maldito exame, foi o primeiro a acordar. Arrumou-se e tomou café com uma motivação jamais vista desde os tempos do ensino infantil, saiu adiantadamente, com a disposição em alta. Mas, bastou sentar-se à carteira para sentir o estômago dar saltos dentro de si. Observou o relógio e nem ao menos ouviu os brados de lealdade invocados pela professora, tentando alertar os alunos para que não cometessem o pecado capital da cola, ainda mais com uma professora tão rígida. Recebeu a prova. Sentiu suas mãos suando frio e o estômago agora pipocava em seu ventre. Lembrou-se do avião, da mudança de escola não, ele nem desconfiava o quão grave era a situação. E pronto! Havia começado a fazer a avaliação de recuperação em inglês.

Cada vez mais, melancolicamente via seu destino mais claro nas entrelinhas da prova. Tudo se parecia impossível de se resolver. Tudo que havia estudado no seu quarto antes, não passava de besteiras sem sentido. Para não dizer que tudo era um inferno, Danilo estava se virando com as questões mais fáceis. Porém, nas mais difíceis, e consequentemente as que mais valiam pontos, estava se arruinando e vendo sua determinação encerrar-se. Já não tinha mais jeito. Era entregar a prova e rezar por uma nota cinco. Era tudo o que Danilo precisava.

Chega o dia do resultado. Não com o mesmo afinco anterior, Danilo se dirige à escola com a esperança no coração. Ainda sem saber seu principal castigo, caminhava como um zumbi, sem perceber absolutamente nada ao seu redor. Pensava exclusivamente na sua nota. ‘Só um cinco’, pensava ele. A entrada da escola apinhava-se de alunos ávidos por suas salvações ou condenações para uma vida futura de estudos, estudos e estudos. Quando sua série foi chamada para receber o boletim, Danilo sentiu na espinha um frio dos Andes. Calou-se repentinamente e deixou o animado papo sobre futebol com os amigos para depois. Isso se houvesse depois...

Depois das piores férias da sua vida, Danilo teve de se contentar e consolar com a escola pública. Ia diariamente triste, como se fosse para uma forca. Não engolira o quatro e meio que a maldita professora de inglês havia lhe dado na prova. ‘Um absurdo!’, bradava ele. Um dia, depois de sofrer na mão dos antigos desafetos todo o tipo de ‘barbaridade’ escolar, chegou em casa aos berros

- Mãe, não quero mais voltar pra lá! Por favor, não me deixa voltar!

- Foi você quem desperdiçou a chance Danilo, não eu.

No dia seguinte, levantou-se com um comportamento muito estranho. Como no dia da prova de inglês que o levou ao fracasso, foi o primeiro a levantar-se. Foi até o quintal, colocou na mochila uma pequena lata de tinta que há tempos estava jogada num canto, pegou no banheiro um velho batom da mãe e seguiu rumo a seu martírio diário. Passou antes na antiga escola e vendo tudo fechado e ainda vazio, como previu, pintou com a tinta do avô no portão branco ‘SUNDAY MORNING, NEVER MORE’, a frase que o tinha reprovado. Seguiu então para sua nova escola. O olhar perdido de uma mente mergulhada na insanidade pairava sobre seu rosto mais que as sardas e espinhas. Entrou na nova escola como um jato, o jato que jamais conduziria de novo, e foi logo sendo importunado por seus novos colegas de classe. Pintou então, com o batom da mãe, a mesma frase que havia pintado no portão de sua antiga escola na camisa branca de seu uniforme. Foi para o alto do prédio, onde a quadra de esportes reinava absoluta no último andar. Sem ao menos explicar ao inspetor o porquê do seu uniforme pintado, fugindo as regras do colégio, atirou-se lá de cima. Caiu no gramado como um herói com a frase ‘SUNDAY MORNING, NEVER MORE’ no peito. Finalmente havia aprendido um pouco de inglês.







Guilherme Cabral




Para ler ouvindo - Sunday Morning / The Velvet Underground and Nico

sábado, 29 de março de 2008

Depois de tempos... O Amor...


Sinceramente hoje, depois de tanto tempo, venho a esse blog com uma importante e por isso problemática exaltação. Uma exaltação ao amor. Não de uma maneira superficial ou melosa, mas de uma maneira mais abragente. Uma maneira que possa fazer o leitor raciocinar sem o intuito de ajudá-lo nas escolhas ou manifestações. Uma maneira que valorize o espírito e o sentimento humano como pouco podemos ver. Uma maneira que não nos prenda somente a emoção, mas também que nos transporte as nossas próprias mentes numa viagem significativa.

Curiosamente, quando abro, aleatoriamente o amigo “Aurélio” para tirar uma dúvida, encontro a palavra “ereção” logo de cara. Isso tem a ver com o amor, mas não da maneira que quero abordar nesse texto. “Ereção ” não cabe no contexto que quero usar. Não obedece a maneira que, sem alarmes ou surpresas supera as expectativas, e nem ao menos se envolve com o sentido amplo que esse texto pretende se encaixar. O amor do qual falo, se estampa de forma simples, porém complicada. Se fortalece das angustias alheias como vírus, mas não mata... só, denigre também. Mas não pense que ele é mau por isso. Ele age de forma rápida e viril, e cruel também... porém, gosta daqueles que sentem nos defeitos do próximo um calor seguro, quase confortável e tranqüilo. O amor do qual quero falar, habita lugares inóspitos – apesar da contradição -, reside sozinho num vale inquebrantável de desejos e bons fluidos, aliás suga isso também. Desperta na mais profunda 3ª série e renasce na faculdade. Confunde as cabeças mais confusas, agride seus pesadelos repletos de melancolia e solidão, jogam os sonhos a prova. Queima o âmago da questão “viver”. Amar dessa forma é não ter medo de ser feliz. É acreditar que tudo passa da batatinha que esparrama pelo chão, até as novas descobertas de ser eterno enquanto durar e, ainda sim, não ver nenhum fragmento da vida do Amor vagar livremente. É reconhecer a derrota pro desconhecido, é ser vencedor sem saber. É só exercer o direito de amar, pois quem não sabe amar ou não ama, jamais merecerá ser amado.

No fundo, amar é como nas histórias tolas que se embasam nos clichês quase mitológicos. Só que os personagens não querem viver sob o pretexto de serem felizes para sempre. Eles não aceitaram isso. Eles só querem as reticências no final... e que seja eterno enquanto dure, de preferência que se prolongue, como o final desse texto. Ou seria um simples desabafo... ?



Não sei...

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

O ultimo capítulo das festas paralisadoras


Essa é a primeira vez que venho escrever nesse blog depois do boom das festas de fim e início de ano estourar nas nossas cabeças como os fogos de Copacabana. É triste ter de sentar pra escrever depois de várias doses de cachacinha amarela, copos de cerveja e dias de férias, no entanto, vou tentar juntar um pouco do que fiz no natal e ano novo e o que a princípo farei nesse carnaval. Bom, começando pela festa mais consumista do ano, a minha foi muito boa. Primeiro que passei com a minha namorada. Foi também a data de um amadurecimento extra na nossa relação, que nos passou uma credibilidade e afinco maior ainda pra tentativas de mais avanços futuros. Na virada de ano, poucas coisas se diferenciaram. Mais bebidas, beijos e declarações de amor, vindo acompanhado de novas e importantes amizades. Agora o carnaval é que eu ainda não sei. Depois de trocar presentes de amigo oculto, fazer contagem regresiva e ficar olhando pro alto feito um bobo curtindo luzes artificiais, aí vem o carnaval... O carnaval é a melhor festa pra quem gosta de se fantasiar, de pegação, de jogar aquelas neves artificais nos outros... mas também é uma festa que faz pra muitas pessoas tanto sentido, que elas escolhem como parte da vida. Eu particularmente, apesar de gostar bastante dos blocos, me refugio sempre em alguma praia cheia de gente que mora perto da minha casa e a noite vou comer pizza pra reencontrar com o Rio.
O meu ideal nessas festas é mesmo arranjar uma maneira ímpar de se divertir antes de cair na mesmisse. Elas são de muitas formas negativas, porém, de outras positivas, claro que se você pensar na sua individualidade. Mas se pensarmos no coletivo, essas festas atrasam bastante coisas que são de suma importância não só para o país, mas para centenas e milhares de pessoas que dependem do funcionamento de determinado orgão. Mas, isso não significa tanta coisa, não é? E cuidem-se aqueles que necessitam, os feriados vem aí...