domingo, 31 de agosto de 2008
Assim é que se faz
Depois de alguns aguardados meses, finalmente está para ser lançado o álbum solo do guitarrista e vocalista [tal como, eventualmente baixista] da banda Los Hermanos, Marcelo Camelo. Vou ser sincero, adoro as composições do Camelo, mas não esperava que o disco fosse tão bom e empolgante. É bem verdade que do disco que tem 14 faixas, eu só escutei 10. Porém, meu sorriso em cada faixa se abria com uma intensidade grande. A minha satisfação em ouvir algo tão sincero, de alguém que não podia se esperar outra coisa [ e que eu acabei esperando menos...], foi fabulosa. Musicas como ''Liberdade'' e ''Tudo Passa'' remetem quem ouve ao pensamento de qualquer coisa sobre si, ''Copacabana'' uma gostosa marchinha, abre as portas pra banda de apoio de Camelo brincar de fazer música boa, os paulistas do Hurtmold tratam de segurar essa ''responsabilidade'' com uma grande capacidade e qualidade e a beleza de 'Mais Tarde'' e ''Janta'' - essa ultima com uma excelente participação de Mallau Magalhães - vem com a simplicidade já tão presente nas letras do Hermano.
Antes mesmo de ouvir o disco, li sobre algumas influencias que Marcelo Camelo teria usado pro seu disco. Em um site, a afirmativa foi de que ele chega a ''flertar'' com Caymi. Ora, qual músico brasileiro que tenha como a música brasileira sua principal influencia não dialoga em algum momento ídolos da nossa música como João Gilberto, Milton Nascimento e o próprio mito Dorival Caymi? Mas acho mesmo, do fundo dos ouvidos, que a influencia de Camelo pra esse disco são seus próprios discos. Junto de seus irmãos: Rodrigo Barba, Rodrigo Amarante e Bruno Medina. Não, o disco de Camelo [denominado ''sou'' mas que pode virar ''nós'' em alguma música do album] não é igual aos discos anteriores dos Hermanos, mas se tem alguém com quem Camelo flerta de fato é com seu próprio talento e com a vontade própria de escrever e tocar boa música, já presente na época do grande quarteto carioca. Tudo bem que com Dominguinhos, Rob Mazurek e o próprio Hurtmold caminhando ao lado, é mais difícil errar e muito mais ainda não beber e em fontes riquíssimas como Dorival, mas não é porque o mar e o brilhantismo de Camelo são evidentes no álbum que ele é tão previsível no som e nas influencias. Aliás, são juntos, o mar e o brilhantismo que tornam complexo e gostoso ''sou'' e o que ele pode oferecer dentro da ambiguidade simplicidade/complexidade, aí sim já previsível nos trabalhos de Marcelo Camelo, um dos mais descentes compositores e músicos da minha geração.
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