sábado, 25 de agosto de 2007

Mulheres, baladas, colégios irreais e afins...


Tenho lido bastante sobre o perfil da mulher carioca da classe média ou alta. Justo, é o produto que vende no caderno "Ela". Realmente se você encontrasse por lá algo falando como é a vida da mulher pobre, a realidade seria muito diferente e não ia vender O Globo pra quase ninguém. Afinal, pobre gosta mesmo é de notícia que tenha violência explícita e futebol. Se tiver comportamento não vai vender, só se for mal comportamento. Temos pesquisas sérias sobre a mulher carioca bem sucedida, bonita, obviamente rica, solteira, frquentadora dos mais badalados restaurantes, bares e afins...É bastante instrutivo para a elite carioca. Mas para mim corresponde apenas a uma, no máximo interessante leitura de sábado a tarde. As mulheres são lindas, é verdade. E só a idéia que o jornal obriga um homem a ter que é possível conquistá-las frequentando um dos lugares citados é bastante tentadora. Mas é - desculpem o mau jeito das palavras - chato, ler sempre sobre o mesmo "aspecto" de mulher. Por que não ler sobre as mulheres que não são bem sucedidas? Por que não sobre mulheres mais meninas. Aquelas do telemarketing, por exemplo? Não sei. Mas o fato é que não temos matérias nem nos jornais, nem nas revistas sobre isso. É uma pena, porquê quem não é fã dessa mulher "pré-escolhida" acaba tendo um pensamento que está completamente errado quanto ao tipo de mulher que lhe é mais, digamos... "conveniente" (esclarecendo:não é machismo nenhum, só não encontrei a palavra certa!). É claro que esses comentários foram para não tornar visível a verdadeira face da crítica. A venda de um pensamento falso de bem estar social, e de uma "vivência" irreal àqueles que permanecem na classe média baixa e aos que decaem daí. Isso é visível não só nesse shopping jornalístico de meios de vida e consumo, mas também na vida ilusória exportada pelas novelas e noveletas da teledramaturgia nacional. Se duvidam, vide os alunos do colégio mais famoso da televisão. O Multipla Escolha. A noveleta "Malhação", dá ao telespectador uma imagem fictícia da realidade brasileira. Ricos e pobres no mesmo colégio, convivem em harmonia e mantém relação de puro afeto e respeito mutuo. Ora, tudo bem que a luta de classes idealizada por Marx já não assusta nem o meio acadêmico, mas dizer que ela simplesmente não existe é dar crédito total a essa idéia absolutamente tola que todos podem conviver socialmente em paz profunda. Uma prova dessa "luta de classes" eu obtive num show do Pearl Jam. Equanto o pessoal do camarote dançava(?) no término do maravilhoso espetáculo a galera do tumulto, onde eu estava presente, graças a Deus, jogavam garrafas d'água vazias, copos, dentre outras coisas embaladas por alguns palavrões e "elogios" destinados ao publico feminino. Vale lembrar que tudo isso unica e exclusivamente pela divisão entre uma madeira numa altura adequada para se ver em perfeitas condições, o show e lá embaixo a galera que talvez não tenha visto tão bem. Então, realmente temos mesmo que inconscientemente, se não uma luta de classes, uma divisor de águas que nos diz que essa venda de modos de vida e consumo existem, mesmo que pouco paupável, mas ainda sim ferindo a mente daqueles que não gostam de seguir os padrões que tentam nos empurrar através dos meios de comunicação.